Força e Beleza Polaca - Saiba porque estas galinhas de Pescoço Pelado estão em alta.

A origem da raça de pescoço pelado, também chamada de polaco no Brasil foi influenciada grandemente por galos da raça Madagascar, trazidos pelos colonizadores portugueses, com finalidade de entretenimento (rinhas). 

As galinhas de pescoço pelado ou polacas, além de muito lindas (sei que talvez esta não seja uma opinião unânime) afinal de contas: A beleza está nos olhos do observador. Mas não há como não se apaixonar por estes polacos - principalmente se você os assiste desde o nascimento. Agora se a Beleza Polaca não o convence, saiba que estas aves são mais dóceis, pesadas, rústicas e precoces que suas contrapartes empenadas onde o gene Na (pescoço pelado) não se manifesta.

O gene Na (Naked Neck em inglês ou traduzindo = pescoço pelado) era muito comum em galinhas na Europa e atualmente está distribuído mundialmente - mesmo no Brasil onde antigamente galinhas polacas eram consideradas por alguns até como doença ou anomalia. A invasão destas aves ocorreu recentemente nas terras tupiniquins. A SASSO, uma gigante da avicultura francesa, foi responsável por disseminar o gene pescoço pelado em suas Label Rouge por volta de 1965 e estas invadiram nossas granjas e quintais nos anos oitenta e noventa. É o que eu chamo da Revolução da Força Polaca - que tornou mais rentável a produção comercial de frango caipira em nosso país.

Monsieur Bartolomeu - da raça Label Rouge. "Bartô " é um dos reprodutores polacos do Quintal Vila Verde, visto aqui com algumas matrizes capipiras e Indio Gigante. 

O gene Na é de dominância incompleta, o que quer dizer que quando apenas um alelo está presente, seja Na na (o Na maiúsculo é o que representa o gene dominante, em heterozigose) o pescoço da ave é pelado, mas tem uma “gravatinha”, tipo um tufo de penas no pescoço -  é uma ave que apresenta 20 % menos penas que uma ave na na+ (recessiva e completamente emplumada). Já em aves puras Na Na (com dois genes dominante, em homozigose) ou pescoço pelado puro, temos ausência de 50% de penas. Todo o pescoço é liso (as vezes somente com um pequeno vestígio da gravata) e do ventre até a cloaca da ave são geneticamente pelados, também é pelada a região das coxas. O cruzamento destas aves mais puras, com qualquer outra que não apresente pescoço pelado (na na) resultará sempre em ninhadas de pescoço pelado em sua totalidade, ainda que em heterozigose (Na na).

Frangas Turkens ou também chamada de Pescoço Pelado da Transilvânia, vistas aqui a esquerda com pescoço parcialmente pelado (Na na) e na direita com ele totalmente liso (Na Na)

Como as polacas são mais adaptadas ao calor (estão fazendo muito sucesso no México) cada vez mais estão sendo as preferidas no Norte e Nordeste do Brasil, mas se adaptam bem em toda a extensão do território nacional. São aves que apresentam melhor imunidade, pois gastam menos energia “se refrigerando”. Tem também uma boa taxa de conversão alimentar, gastam menos ração para produzirem mais carne, afinal não é difícil de imaginar que a economia gerada com menor quantidade de penas, automaticamente gera mais carne e ovos.  A taxa de crescimento também é maior quando comparadas com as mesmas aves com totalidade de penas, a diferença de peso é nítida, são aves com o peito mais largo, mais quadradas que compridas, com maior peso. Este último quesito compromete um pouco a postura, afinal de contas, galinhas que ganham mais peso, não são tão boas poedeiras, mesmo assim elas são melhores poedeiras do que quando comparadas as galinhas de capoeira sem raça definida.

Franguinha caipira com pescoço pelado e sem rabo (sura) e Galo Madagascar. 

Outra vantagem, para quem se dedica a avicultura no sistema semi intensivo ou mesmo os que criam aves em terreiro e totalmente soltas, tem sido o cruzamento da Beleza e Força Polaca x e o Tamanho do Índio Gigante… A combinação destas aves com genética de ponta, quando bem planejada gera aves grande, rústicas e precoces denominadas Polaco Gigante… Mas estes  já são assunto para um outro post.